A viagem funesta!
O lar da escuridão!
A carruagem
percorria o seu devido caminho conforme era necessária, às vezes o cavaleiro
fazia os comandos certos para os cavalos aumentarem sua velocidade, contudo
quando eles se deparavam com trechos estreitos e perigosos, eram obrigados a
diminuir a rapidez. Aquele era um momento daqueles. A carruagem agora estava
caminhando lentamente e varias vezes, parecia que as rodas passavam por enormes
pedras já que os dois garotos dentro da carruagem sentiam a mesma dando
pequenos pulos.
- Vlad, me
diga meu irmão, por que papai fez isso? – Perguntou Radu, o irmão mais novo
enquanto levava as mãos até as do mais velho. No entanto Vlad não teve tempo de
responder, já que o Sultão presente com eles no veiculo respondeu mais rápido.
- Vocês são
minhas moedas de troca garotos. Eu dei toda a Valáquia ao seu pai. Como tributo
de confiança, eu exigi que ele me entregasse vocês dois. Assim, tenho certeza
que ele não vai me trair com os porcos da Hungria. – Vociferou o gordo
Sultão, mantendo os olhos frios fixos aos irmãos. A barba do sultão descia pelo
queixo tomando conta de toda parte da frente de seu pescoço. Trajava roupas
bonitas, com certeza de material Real, mas os pequenos não podiam falar o mesmo
sobre o hálito do Sultão.
- Isso...
Co...Como isso é verdade? – Continuou Radu, voltando a trazer as lágrimas
diante seu rosto.
- Esse é o
preço da vida meu irmão. Mesmo tão novo você tem que aprender isso como eu
estou aprendendo agora. Somos nós as moedas de ouro mais valiosas que tiverem
que ser dadas. – Se adiantou Vlad III.
- Exato
pequeno Vlad. Enquanto vocês estiverem comigo, sua família terá poder! –
Continuou o Sultão, olhando admirado para a frieza e seriedade do pequeno Vlad
III.
- Isso não
é justo! Não é justo!
- Poupe-me
de suas lamúrias criança inocente! Ainda temos uma longa viagem! – Gritou o
Sultão, com certeza já tinha perdido a paciência com o descendente mais novo do
seu velho inimigo agora aliado, Vlad Tepes II.
A viagem
seguia conforme o imaginado. Agora, eles não podiam abusar da sorte e fazer os
cavalos correrem mais rápido que crianças. Vlad olhou pela a janela e viu o
enorme abismo diante a ele. Uma queda daquelas levaria todos á morte! Caso
alguém conseguisse sobreviver à queda, iria morrer de agonia, enquanto sofreria
com os membros quebrados e os urubus mordiscando seus ferimentos.
-
CANNIBAIS! – Repentinamente a carruagem parou. Tão bruscamente que os dois
garotos caíram de mau jeito e o Sultão deve de se prender diante entre as
janelas para não cair.
- O que
você disse homem? – Perguntou um Sultão desesperado colocando a cabeça entre a
janela. Naquele rápido momento viu seu maior erro. Todos seus homens estavam
atrás da carruagem Real, deixando apenas cinco soldados na parte dianteira.
- Um grupo
de Cannibais das montanhas senhor! – Respondeu o cavaleiro sem esconder o medo
em sua voz. – Eles estão a vinte metros, se aproximando a pé. São dez senhores!
- Ora!
Vocês são cinco, matem esses demônios! – Praguejou Mehmed II.
O Cavaleiro abriu a boca, mas não
respondeu. Observou os dez homens másculos e sujos correndo em sua direção. A
pele deles tinha um tom cinzento por causa da convivência com a montanha e
levava em suas mãos madeiras com pedras amarradas nas pontas. Por um instante o
homem fraquejou, vislumbrou o ódio nos olhos daquelas criaturas e sentiu a
necessidade que eles tinham em comer, estavam famintos e não deixariam o almoço
fugir tão facilmente.
- Mas que
inferno! Estamos presos nessa droga. São dois para um, eles são soldados
treinados, não irão morrer para selvagens! – Gritou o Sultão sem confiar no que
dizia.
Repentinamente
o barulho começou. Logo Vlad entendeu o que estava acontecendo. Os soldados do
Sultão que serviram como escolta na hora da troca agora estava atrás deles.
Graças ás montanhas que tinham caminhos curtos e com quedas mortais, era
impossível de se atravessar sem que a carruagem saísse dali. Agora todo o
exército de duzentos homens era inútil.
Logo ás
montanhas ecoava cânticos de dor. Homens gritavam e blasfemavam e o Sultão
começava a ficar desesperado.
-
Infelizmente não posso. Como eu poderia conseguir passar por essa janela e
acabar com esses diabos! – Logo que ouviu isso, Vlad entendeu o que tinha que
fazer! Em um movimento rápido se pós diante o Sultão e levou os dedos até a
bainha da espada, puxando-a pelo punhal.
- Você não
consegue, mas eu sim! – Disse Vlad III fitando com seus olhos negros o Sultão
que naquele momento, nada disse. Vlad colocou a espada em sua cintura, presa na
bainha e colocou a cabeça para fora, olhando para baixo e observando o enorme
buraco que seria a casa de sua alma caso ele caísse. Percebeu que nas laterais
da carruagem, havia pequenas elevações que poderia lhe servir de apoio. Colocou
primeira a parte do tronco para fora, depois apoiando os pés sobre as rodas.
Aquilo fez a carruagem ceder um pouco para o penhasco e Vlad ordenou. – Vão
para o outro lado! AGORA, EQUELIBREM O PESO! – E obedecendo sentindo uma
pequena agulha de raiva o Sultão fez como Vlad havia mandado.
Com muita
dificuldade e cautela Vlad III estava diante a carnificina. Dois dos homens
Turcos estavam mortos, com as gargantas cortadas e os membros esmagados. Vlad
lembrou-se de tudo que seu tutor havia lhe ensinado e em segundos, sabia que
agora era hora de colocar isso em pratica, mesmo que fosse a primeira vez. Um
terceiro soldado estava prestes a morrer, ajoelhado e desarmado diante um
Cannibal que estava com a mão levantada e descendo contra o crânio do soldado
com um pedaço de pedra de quase cinco quilos afiada. Vlad se adiantou e por
sorte o inimigo estava de costas á ele. Tirou a espada da bainha e a lâmina
cortou a parte de trás do joelho do adversário que por seu azar, acertou com a
pedra a própria barriga e sem pena, Vlad o chutou com força e observou seu
oponente cair do penhasco.
Agora os
outros dois soldados Turcos lutavam arduamente contra cinco dos Cannibais das
montanhas. Vlad novamente correu, segurando firmemente o punhal da espada e
logo que se aproximou, manipulou um golpe de baixo para cima nas costas do
enorme Cannibail que estava mais próximo. Á lâmina cortou as costas do homem e
o sangue escorreu pelo chão. O mesmo se virou e talvez adivinhando a
localização de Vlad desferisse um golpe violento com uma arma de pedra. Vlad se
defendeu, mas caiu por causa da força de seu inimigo que parecia ser mil vezes
mais forte que ele. Caído, olhando seu inimigo ficar diante a si acreditou que
iria morrer, mas repentinamente uma lâmina igual a sua atravessa a cabeça do
Cannibai, era o soldado Turco que havia salvado.
Vlad não
agradeceu, levantou-se e voltou a vislumbrar seus inimigos que agora, eram
dois. Enquanto voltava a correr contra seus inimigos um deles morreu e sabendo
da derrota certa, o único sobrevivente fugiu. Contudo Vlad estava empolgado de
mais para simplesmente o deixar fugir e assim, correu sozinho atrás do seu
inimigo. Naquela hora o semblante do garoto estava banhado a sangue e tudo que
ele queria era conseguir alcançar aquele maldito e matá-lo. Na verdade não
matá-lo, mas fazê-lo sofrer, torturá-lo.
- Não fuja!
Seu lixo. Venha! – Gritou o garoto e seguindo seu pedido o Cannibal parou.
Vendo que era apenas uma criança o homem deixou um sorriso aparecer em seus
lábios, mostrando os dentes podres, quebrados e afiados na sua boca. Depois
fechou e moveu a língua dentro dela e cuspiu algo. Vlad olhou para o chão e viu
um pequeno pedaço de carne humana. Agora, não se sentiu intimado, mas o ódio
dominou ainda mais seu coração.
O Cannibal
correu em direção do garoto, este tinha quase dois metros de altura e desferia
socos e chutes enquanto se esquivava das investidas da lâmina que Vlad lançava.
Apesar da grande diferencia de idade, a luta parecia igualada, mas com um
movimento (Talvez de sorte) Vlad acertou a cintura do Cannibal, cortando um
pouco sua perna e deixando cair no chão uma espécie de bolsa de pele humana. Da
bolsa uma pedra escura em formato de lágrima rolou no chão e o Cannibal
descuidado, esqueceu-se de seu inimigo e virou-se para pegar o item misterioso.
Vlad aproveitou o descuido e com força passou a lâmina pelo pescoço da criatura,
fazendo a cabeça rolar para o penhasco e o corpo cair sem vida contra o chão.
Vlad se aproximou e pegou a pedra caída no solo cinzento.
-Olhem!
Vlad III Está vivo! – Gritou o cavaleiro que seguia adiante com a carruagem,
Vlad colocou a pedra em seu bolso e esperou sua prisão novamente enquanto
avistava a imensidão daquelas montanhas e os céus cobertos por nuvens escuras.
Horas mais
tarde já tinham passado pelas montanhas, sabia também que já estava dentro dos
territórios Otomanos e quando a carruagem parou, sabia que tinha chegado a seu
destino. A porta da carruagem se abriu e ele viu que estavam em um lugar tão
macabro quantoaquelas montanhas. Deu a volta sobre a carruagem segurando a
mão do seu irmão Radu e seus olhos fizeram com que seu corpo estremecesse. Viu
um enorme portão com esculturas de demônios e criaturas estranhas esculpidas.
Revisão: Sarita Reis
Contato: Reissarita982@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário